quarta-feira, 28 de abril de 2010

PORTADORES DE HIV PROTESTAM, E MINISTÉRIO PROMETE NORMALIZAR DISTRIBUIÇÃO DE REMÉDIOS

publicado em 28/04/2010 às 14h26:

Portadores de HIV protestam, e ministério
promete normalizar distribuição de remédios

Governo culpa falha do laboratório e crise aérea na Europa por atraso na entrega

Da Agência Brasil

Confira também

Portadores de HIV e representantes de organizações não governamentais (ONGs) realizaram na manhã desta quarta-feira (28) em frente ao Ministério da Saúde um ato público em defesa do acesso a medicamentos antirretrovirais fornecidos pelo governo federal. A manifestação ocorreu também nas secretarias de Saúde de pelo menos oito Estados do país.

Desde dezembro, os portadores de HIV sofrem com a falta do medicamento Abacavir, além da redução do estoque de mais três remédios: o Lamivudina, Efavirenz e Zidorrudina. Em Brasília, os manifestantes foram recebidos pelo coordenador do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, Eduardo Bezerra, e pela secretária executiva do Ministério da Saúde, Ieda Diniz.

O aposentado Lucier Pereira, morador de Ceilândia, cidade do Distrito Federal a 26 km de Brasília, participou da manifestação. Usuário do Abacavir, ele precisou substituir o medicamento por outro, o Biovir. No entanto, o remédio contém em sua composição o AZT, substância a qual Lucier apresenta intolerância.

- Além de não ter o mesmo resultado do Abacavir, sofro com efeitos colaterais como náuseas e vômito.

Entre os manifestantes estava também o cabeleireiro Alex Fabiano de Souza, dirigente do Grupo de Apoio a Portadores da Aids de Montes Claros (MG).

- Minha ONG tem 15 crianças que, sem os remédios, podem morrer.

Distribuição deve se normalizar na próxima semana

A assessoria do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do ministério informou que a entrega do Abacavir deve se normalizar na próxima semana. Segundo o ministério, o medicamento importado chegou nesta terça-feira (27) ao país, mas ainda precisa passar pela inspeção da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) antes de ser redistribuído.

A falha na distribuição teria ocorrido porque o laboratório responsável pelo medicamento demorou a se adequar a algumas normas estabelecidas pela Anvisa. Após a adequação, o produto não pôde chegar ao Brasil devido à crise área na Europa.

Sobre os outros remédios, que são de fabricação nacional, a assessoria explicou que a redução no estoque foi causada por atraso na fabricação. Com a necessidade de recorrer aos estoques de reserva, os centros de saúde estavam fracionando a entrega, distribuindo uma quantidade de medicamento suficiente para dez dias, em vez de um mês. Por meio de nota, o ministério informou que a distribuição da produção entre os laboratórios nacionais já foi reprogramada para garantir o abastecimento regular da rede e a recomposição dos estoques.

Segundo o presidente do Fórum de ONGs/Aids do Estado de São Paulo, Rodrigo de Souza Pinheiro, um dos líderes do movimento, “todos os meses a gente encontra situações de falta de medicamentos”.

Mas de acordo com a psicóloga Regina Cohen, dirigente do Movimento Nacional das Cidadãs Positivas, com sede em Brasília, problemas na distribuição não são frequentes, mas preocupam muito os portadores de HIV.

- Questionamos o que é que causa isso, se é má gestão ou falta de dinheiro. Será que no próximo governo esse programa vai continuar? Hoje somos dependentes desses medicamentos. Eles são nossa saúde e qualidade de vida.