sexta-feira, 30 de abril de 2010

I ENCONTRO MULTIPROFISSIONAL DA REDE ESTADUAL DE ATENÇÃO AS PESSOAS VIVENDO COM HIV/AIDS - PIAUI

I ENCONTRO MULTIPROFISSIONAL DA REDE ESTADUAL DE ATENÇÃO AS PESSOAS VIVENDO COM HIV/AIDS - PIAUI


OBJETIVOS

1.Sensibilizar atores sociais para organização da Rede Estadual de Atenção das Pessoas Vivendo com HIV/AIDS.

2.Reunir atores sociais que compõem o quadrilátero (atenção, formação, gestão e controle social) para discutir estratégias associadas a organização da rede estadual de atenção às pessoas vivendo com HIV/AIDS.


PROGRAMAÇÃO

DIA: 26 DE MAIO DE 2010

19:00h- Abertura: Execução do hino do Estado do Piauí e Evento Cultural: Música e Dança

Composição da Mesa:

19:30h - Conferência: Cidadania e Qualidade de Vida das Pessoas Vivendo com HIV/AIDS.
Palestrante: Ana Paula Prado da Silveira- MS/Departamento de DST/AIDS

•Secretaria de Estado da Saúde (DUVAS e Coordenação de DT);
•Ministério Público Estadual;
•Previdência Social;
•Secretaria de Educação e Cultura;
•Secretaria da Assistência Social e Cidadania;
•Coordenadoria de Direitos Humanos;
•Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV/AIDS;
•Movimento Nacional de Cidadãs Positivas;
•Conselho Estadual de Saúde;
•Departamento Nacional de DST/AIDS e Hepatites Virais
•Diretoria Regional do Trabalho – DRT.

21:00h - Coquetel


DIA: 27 DE MAIO DE 2010

08:00h-Roda Viva: Trabalho em Rede das Políticas Públicas na Atenção as Pessoas Vivendo com HIV/AIDS

Composição da Mesa:

•Secretaria de Estado da Saúde (DUVAS e Coordenação de DT);
•Ministério Público Estadual;
•Previdência Social;
•Secretaria de Educação e Cultura;
•Secretaria da Assistência Social e Cidadania;
•Coordenadoria de Direitos Humanos;
•Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV/AIDS;
•Movimento Nacional de Cidadãs Positivas;
•Conselho Estadual de Saúde;
•Departamento Nacional de DST/AIDS e Hepatites Virais
•Diretoria Regional do Trabalho – DRT.

12:00 h - Almoço

13:30 h- Dinâmica de despertar

14:00 h – Oficinas Olhares e estratégias dos setores envolvidos na rede estadual de atenção às pessoas vivendo com HIV/AIDS

1. Oficina: Saúde
2. Oficina: Justiça e Direitos Humanos
3. Oficina: Previdência Social
4. Oficina: Educação e Cultura
5. Oficina: Assistência Social
6. Oficina: Trabalho

17:30h - Coofee Break

DIA: 28 DE MAIO 2010

Dinâmica de Integração
- Apresentação dos trabalhos das 06 (seis) oficinas
- Debate em Plenária

11:30h Encerramento: Técnica - Árvore dos bons frutos

12:00h Almoço

“Creio que podemos transformar a tragédia da AIDS, da enfermidade e da doença num desafio, numa oportunidade, numa possibilidade de recuperar na nossa sociedade, em nós mesmos, em cada um de nós e em todos nós, o sentido da vida e da dignidade. E, com esse sentido da vida e da dignidade, seremos capazes de lutar pela construção de uma sociedade democrática, de uma sociedade justa e fraterna.” (BETINHO)

quinta-feira, 29 de abril de 2010

SOROPOSITIVOS ESTÃO PREOCUPADOS COM FALTA DE REMÉDIOS

29/04/2010 às 00:00:00 - Atualizado em 29/04/2010 às 00:56:41

Soropositivos estão preocupados com falta de remédios

Flávio Laginski

Portadores do vírus HIV no Paraná e no Brasil estão temerosos com a falta de um medicamento vital para quem precisa tomar o coquetel antiaids: o abacavir, importado da Índia.
Além disso, outros remédios do coquetel, como a lamivudina e a nevirapina, estão com os estoques baixos nos postos de saúde. Os soropositivos temem que estes remédios faltem e compliquem o tratamento ao qual se submetem.
Em todo o País, existem 200 mil pessoas em tratamento da doença e 3,7 mil utilizam o abacavir. Como forma de protesto, em alguns estados houve manifestações ontem. O Paraná ficou de fora.

A secretária da organização não-governamental (ONG) Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV/Aids de Curitiba(RNP + C), Silmara da Conceição Ribas, revela que o abacavir já não está sendo encontrado há cerca de um mês.
“Este remédio é de uso contínuo e vital para quem é portador do vírus HIV. Existem muitos pacientes que estão fazendo terapia de resgate, na qual o vírus torna-se muito resistente e o uso deste antirretroviral é mais do que fundamental. Também estamos preocupados com o baixo estoque dos outros remédios. Se começaram a faltar, a vida de quem precisa destes medicamentos ficará em situação de risco”, alerta.

Ribas conta ainda o motivo de não terem ocorrido manifestações no Paraná. “O pessoal aqui no Paraná reclama, mas na hora de fazer algo se retrai, pelo medo de se expor. Estudamos entrar com uma ação na Justiça caso a situação não normalize até semana que vem, pois a data dada pelo Ministério da Saúde era de que até o dia 27 tudo estaria normal. É uma corrida contra o tempo”, avalia.

A assessoria de imprensa do Ministério da Saúde informa que o remédio já se encontra no Brasil e que duas situações fizeram com que ele sumisse. A primeira foi a de que o abacavir sofreu modificações a pedido do ministério para se adequar às normas brasileiras, o que atrasou a produção no país asiático.
A segunda foi com relação aos problemas recentes do vulcão Eyjafjallajökull, na Islândia, que fechou diversos aeroportos na Europa. A rota para transportar o remédio passa pela Alemanha e Portugal antes de chegar ao país. A assessoria garante que até semana que vem a situação estará normalizada.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

PORTADORES DE HIV PROTESTAM, E MINISTÉRIO PROMETE NORMALIZAR DISTRIBUIÇÃO DE REMÉDIOS

publicado em 28/04/2010 às 14h26:

Portadores de HIV protestam, e ministério
promete normalizar distribuição de remédios

Governo culpa falha do laboratório e crise aérea na Europa por atraso na entrega

Da Agência Brasil

Confira também

Portadores de HIV e representantes de organizações não governamentais (ONGs) realizaram na manhã desta quarta-feira (28) em frente ao Ministério da Saúde um ato público em defesa do acesso a medicamentos antirretrovirais fornecidos pelo governo federal. A manifestação ocorreu também nas secretarias de Saúde de pelo menos oito Estados do país.

Desde dezembro, os portadores de HIV sofrem com a falta do medicamento Abacavir, além da redução do estoque de mais três remédios: o Lamivudina, Efavirenz e Zidorrudina. Em Brasília, os manifestantes foram recebidos pelo coordenador do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, Eduardo Bezerra, e pela secretária executiva do Ministério da Saúde, Ieda Diniz.

O aposentado Lucier Pereira, morador de Ceilândia, cidade do Distrito Federal a 26 km de Brasília, participou da manifestação. Usuário do Abacavir, ele precisou substituir o medicamento por outro, o Biovir. No entanto, o remédio contém em sua composição o AZT, substância a qual Lucier apresenta intolerância.

- Além de não ter o mesmo resultado do Abacavir, sofro com efeitos colaterais como náuseas e vômito.

Entre os manifestantes estava também o cabeleireiro Alex Fabiano de Souza, dirigente do Grupo de Apoio a Portadores da Aids de Montes Claros (MG).

- Minha ONG tem 15 crianças que, sem os remédios, podem morrer.

Distribuição deve se normalizar na próxima semana

A assessoria do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do ministério informou que a entrega do Abacavir deve se normalizar na próxima semana. Segundo o ministério, o medicamento importado chegou nesta terça-feira (27) ao país, mas ainda precisa passar pela inspeção da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) antes de ser redistribuído.

A falha na distribuição teria ocorrido porque o laboratório responsável pelo medicamento demorou a se adequar a algumas normas estabelecidas pela Anvisa. Após a adequação, o produto não pôde chegar ao Brasil devido à crise área na Europa.

Sobre os outros remédios, que são de fabricação nacional, a assessoria explicou que a redução no estoque foi causada por atraso na fabricação. Com a necessidade de recorrer aos estoques de reserva, os centros de saúde estavam fracionando a entrega, distribuindo uma quantidade de medicamento suficiente para dez dias, em vez de um mês. Por meio de nota, o ministério informou que a distribuição da produção entre os laboratórios nacionais já foi reprogramada para garantir o abastecimento regular da rede e a recomposição dos estoques.

Segundo o presidente do Fórum de ONGs/Aids do Estado de São Paulo, Rodrigo de Souza Pinheiro, um dos líderes do movimento, “todos os meses a gente encontra situações de falta de medicamentos”.

Mas de acordo com a psicóloga Regina Cohen, dirigente do Movimento Nacional das Cidadãs Positivas, com sede em Brasília, problemas na distribuição não são frequentes, mas preocupam muito os portadores de HIV.

- Questionamos o que é que causa isso, se é má gestão ou falta de dinheiro. Será que no próximo governo esse programa vai continuar? Hoje somos dependentes desses medicamentos. Eles são nossa saúde e qualidade de vida.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

TOLERÂNCIA ZERO!!!

MANIFESTO EM DEFESA DO ACESSO AOS MEDICAMENTOS ANTIRETOVIRAIS NO BRASIL ACONTECERÁ DIA 28/04/2010 ÀS 10H. EM FRENTE À SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE EM SÃO PAULO.
Endereço: Av. Dr Eneas de Carvalho Aguiar,188 8º andar sala 820 - Cerqueira César, próximo ao ENCOR (Metrô Clínicas).

A POLÍTICA DE MEDICAMENTOS PARA AIDS ESTÁ DOENTE!
PRECISA DE BONS GERENTES PARA CURÁ-LA!!!

O MNCP – Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas, a RNP+ Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV/Aids e a RJVHA - Rede de Jovens Vivendo com HIV/Aids são mulheres, homens e jovens que vivem com HIV/Aids e 200 mil dessas utilizam medicamentos antiretrovirais para prolongar a VIDA.

Hoje a nossa VIDA está ameaçada pela falta de medicamentos! Depois de quatorze anos de política de acesso aos medicamentos para Aids no Brasil, estamos apelando para a sorte outra vez, só que agora não é a falta de política que está em questão, pois a política de acesso universal aos medicamentos existe, o que não existe são os medicamentos.

Quando os gestores são questionados – federal, estadual e municipal – sobre a responsabilidade por este desabastecimento, no caso do Abacavir, droga utilizada para HIV/Aids, a resposta é da Nota Técnica nº. 362/09 do Ministério da Saúde que“... orienta a substituição do Abacavir por outros devido às dificuldades encontradas na aquisição do medicamento... das quais resultam atraso das entregas previamente programadas...”

Desabastecimento orientando a troca de tratamento é muito grave!

Vemos claramente neste caso, a ausência de uma postura governamental qualificada para uma gestão técnica e política capaz de enfrentar essa vergonhosa barganha que os laboratórios fazem com a VIDA das 200 mil pessoas, mostrando ser essa uma política vulnerável e a mercê de um mercado e de seus fabricantes.

O governo paga aos laboratórios bilhões dos cofres públicos e não oferece nenhuma resistência aos jogos de troca-troca (abacavir, saquinavir, DDI...) a quebra de patentes e falta de cumprimento de prazos estabelecidos. Que falta de gerenciamento de qualidade é esse que o Brasil não faz??

O desabastecimento do abacavir, biovir, lamivudina... é a ponta de um iceberg, que esconde e também explicita o descaso da saúde pública no Brasil e, conseqüentemente de seus dirigentes, para com as 600 mil pessoas, sendo: mulheres, homens, jovens e crianças que vivem com HIV/Aids.

A perversa política dos laboratórios, que impõem as suas condições (patentes, produção e pesquisa) em nome, é claro, do lucro somado à negligência do governo brasileiro no gerenciamento desta política colocam a nossa VIDA em risco, alem de fazer-nos OBJETOS com os quais eles brincam (governo e laboratórios).

É este o gerenciamento de uma política pública de medicamento considerada em todo o mundo um modelo? A política é vulnerável ao mercado e à sua logística de distribuição e isso é uma ameaça à nossa VIDA. Que adesão é possível de ser feita se a qualquer momento trocar de medicamento é indicado por motivo de desabastecimento do mesmo? Por acaso, esses medicamentos são balas de doce que não provocam nenhum efeito tóxico e danoso ao organismo quando introduzidos ou substituídos?

Diante desse cenário, nós que vivemos com HIV/Aids queremos dar um BASTA a tudo isso. Não somos OBJETOS e sim SUJEITOS desta história e lutamos pela VIDA e pela QUALIDADE da política de acesso aos antiretrovirais.

A VIDA NÃO pode ser BANALIZADA, negociada ou negligenciada como está sendo feita na política de saúde e de Aids no Brasil em detrimento dos interesses comerciais, políticos e do péssimo gerenciamento da política de medicamento para a Aids e da saúde em geral.

terça-feira, 20 de abril de 2010

MORRE A ATIVISTA AMERICANA DOROTHY HEIGHT

20/04/2010 às 10:20:04 - Atualizado em 20/04/2010 às 11:06:42

Aos 98 anos, morre a ativista americana Dorothy Height

Morreu hoje nos Estados Unidos, aos 98 anos, Dorothy Height. Como presidente do Conselho Nacional das Mulheres Negras, ela foi a principal voz feminina no movimento pelos direitos civis, nos anos 1960. Ela estava internada no Hospital da Universidade Howard, em Washington.

Quando jovem, Dorothy marchou em Nova York pedindo o fim dos linchamentos racistas. Nos anos 1950 e 1960, ela era a principal mulher a auxiliar o reverendo Martin Luther King Jr. e outros importantes ativistas a orquestrar o movimento pelos direitos civis. A falecida ativista C. DeLores Tucker chegou a qualificar Dorothy como um ícone para todas as mulheres afro-americanas.

Dorothy estava na plataforma do Lincoln Memorial, sentada a alguns passos de King, quando o reverendo proferiu seu famoso discurso "Eu tenho um sonho", durante uma marcha em Washington, em 1963. "Ele falou mais do que estava previsto", lembrou Dorothy, durante entrevista em 1997. Ela afirmou que a fala de King ecoou por gerações, pelo impacto que teve em todos.

A ativista se tornou presidente do Conselho Nacional das Mulheres Negras em 1957 e manteve o posto até 1997, quando tinha 85 anos. Ela permanecia como chairman da entidade. "Eu espero não trabalhar tão duro o resto da minha vida", disse ela certa vez. "Mas seja no conselho, seja fora, pelo resto da minha vida, eu estarei trabalhando por igualdade, justiça e para eliminar o racismo, para construir uma vida melhor para nossas famílias e crianças."

DA TRIBO PARA A MATERNIDADE

Da tribo para a maternidade

No dia do Índio, o Delas conta tradições do parto indígena

Fernanda Aranda, iG São Paulo | 19/04/2010 16:55

Foram poucas mulheres. Mas elas se destacaram no universo de duas mil gestantes que todo mês chegam ao Hospital Interlagos, no extremo sul da capital paulista. Em dois anos, só quatro índias deixaram suas tribos para dar à luz aos “seus curumins” nesta unidade.

Foto: Funasa

Mulheres indígenas têm tradições durante o parto

São elas que hoje, Dia do Índio, permitem aos médicos contar algumas curiosidades da maternidade indígena.

“Quando soubemos que o hospital seria referência para índias gestantes que corriam o risco de morrer no parto, precisamos nos informar de alguns rituais desta população para que a cultura do povo indígena fosse respeitada aqui dentro”, afirma a médica Regina Honda, que coordena a maternidade do Hospital Interlagos. “Caso contrário, elas poderiam rejeitar o atendimento médico e o perigo seria enorme.”

O Hospital Interlagos faz parte de uma rede nacional que tenta garantir a saúde dos índios. No total, afirma a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) – responsável por cuidar das políticas de saúde dos inídios – são 751 postos de saúde e 60 casas de apoio. Só em São Paulo, ao menos oito hospitais tradicionais abriram as portas para tentar preservar a tradição indígena.

Enterrar a placenta

Uma das principais ameaças para as tribos é a mortalidade infantil que no ano 2000 estava em 74,1 mortes para cada mil índios nascidos vivos, quase três vezes maior do que a população em geral (25) – que já é considerada alta para os padrões mundiais. O parto é um dos grandes riscos de morte para qualquer criança e aproximar a tradição indígena das unidades tradicionais, de fato, contribuiu para melhorar os indicadores de saúde dos índios. Em 2006, último ano avaliado, a mortalidade infantil indígena havia reduzido para 42 em mil nascidos vivos.

A primeira coisa que as equipes aprenderam foi com relação à placenta. O que para a mulher branca vai para o lixo, para a indígena é sagrado, conta a médica Regina Honda. Elas enterram a placenta, no local onde dormem, para que os recém-nascidos ganhem proteção e tenham um ciclo de vida melhor. Quem deu à luz no hospital tem direto de levar a placenta para a oca.

Sopa de galinha

No Hospital Interlagos, que recebeu índias da tribo Cururu, outra particularidade das gestantes é alimentação pós-parto. Elas só podem comer sopa de galinha para preservar a fertilidade e a saúde. O cardápio da unidade foi, então, adaptado às mães.

Pergunte ao pajé
Todas que chegaram à unidade tinham uma gestação de risco (hipertensão é o principal problema enfrentado pelas mulheres). Se as condições da gravidez estivessem adequadas, elas teriam os filhos nas aldeias, como manda a tradição. O combinado é que na maternidade tradicional elas podem levar um acompanhante e um intérprete, muitas não falam português. Se no decorrer do parto seja necessário algum procedimento extra (como transfusão de sangue), o pajé da tribo sempre é consultado.

Maternidade solitária
Apesar da liberação de dois acompanhantes (para as outras gestantes só é permitido um), a experiência com as mães índias mostrou que a “regalia” não é necessária. Pelas regras deles, elas precisam ficar sozinhas. Os pais só voltam no dia da alta.

Remédio natural

A Funasa acredita que não apenas as maternidades tradicionais devem reservar espaço para a cultura indígena como também é preciso incentivar a medicina indígena. No congresso do ano passado, o foco defendido foi o da etnomedicina, técnica sobre a produção de medicamentos naturais, por meio de plantas para o tratamento de doenças.

Os caciques que participaram do evento avaliavam que o regate dos medicamentos naturais e o incentivo da produção dos mesmos protegem a população das tribos. “A gente precisa resgatar esse conhecimento, pois não podemos depender só dos remédios dos brancos. Muitos problemas de saúde, como febre, diarreia e gripe, podem ser resolvidos na aldeia com nossas plantas, sem precisar ir pra cidade” afirmou Domingos Kaxinawá (de uma tribo no Acre), na última edição da revista da Funasa.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

ATO PÚBLICO EM DEFESA DA VIDA CONTRA O DESABASTECIMENTO DE ANRIRRETROVIRAIS

ATO PÚBLICO EM DEFESA DA VIDA CONTRA O DESABASTECIMENTO DE ANTIRRETROVIRIAIS

Dia 28 de abril de 2010 (Quarta-Feira)

12:00h (Meio-Dia)

Praça Pio X (Candelária)

Obs.: Tragam faixas, apitos e banners

Realização: Fórum de ONGs AIDS do Rio de Janeiro

E-mail: forumongaidsrj@ yahoo.com. br - Celular: (21) 9233-5728


Campanha do Depto de DST/AIDS - João Pessoa/PB

sábado, 17 de abril de 2010

Remédio para paciente com aids está em falta no País


Remédio para paciente com aids está em falta no País
07/04 - 09:20 - Agência Estado


O abacavir, medicamento usado por cerca de 3,7 mil pacientes com aids, está em falta no Brasil. O problema teve início em dezembro, quando o Departamento de DST/Aids e Hepatites Virais informou ter havido dificuldade na aquisição do medicamento.
Naquela época, o programa aconselhou que médicos substituíssem temporariamente a indicação do remédio até que a situação se normalizasse - o que estava previsto para fevereiro.

“Nem todos os médicos e pacientes aceitaram fazer a substituição, por considerá-la inadequada. O problema também não foi resolvido no prazo previsto e agora a situação é esta: em todo o País encontramos casos de pacientes sem remédio”, afirmou o presidente do Forum de ONG/Aids do Estado de São Paulo, Rodrigo Pinheiro. O fórum recomendou aos pacientes que procurassem a Justiça.

A diretora do Departamento de DST/Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Mariangela Simão, admitiu que a falta do medicamento é lamentável. Ela informou que o desabastecimento é fruto de um problema na apresentação de documentos pela empresa fornecedora do genérico, a indiana Aurobindo.

A empresa já havia fornecido o medicamento, mas, dessa vez, documentos exigidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não foram apresentados no tempo correto. A expectativa, disse a diretora, é de que o remédio chegue ao País até dia 20 de abril. As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".

sexta-feira, 16 de abril de 2010

PROJETO "SABER PARA REAGIR" ACONTECE EM ATIBAIA

O Projeto de capacitação do MNCP/SP "Saber para Reagir" será realizado no hotel Gran Roca em Atibaia de 20 à 25/04/10. A capacitação tem como objetivo fortalecer a atuação do Movimento Nacional de Cidadãs Posithivas no Estado de São Paulo, ampliando sua área de atuação e representatividade em todas as macro-regiões do Estado. Contribuindo assim, para o estabelecimento e implementação de políticas públicas voltadas para as DST/Aids.

Regionalização no Estado de São Paulo:
Macro I- Região Sul/Sudeste (ABC-Guarulhos-Baixada Santista-Alto do Tietê)
Macro II- Região Centro Leste (Campinas-Piracicaba-São João da Boa Vista)
Macro III-Região Centro Oeste (Franca-Ribeirão Preto-Araraquara)
Macro IV- Região Nordeste (Araçatuba-São Jose do Rio Preto-Barretos)
Macro V- Região Noroeste (Presidente Prudente-Baurú-Marília)

PORTADORAS DE HIV ABREM DEBATE NA CAPITAL

SOROPOSITIVO - 10/04/2010


Portadoras do HIV abrem debate na Capital

Em Mato Grosso, 39% dos acometidos pelo vírus são mulheres que esperam, através de encontro, o alcance de políticas públicas e garantias

Lourival Fernandes/DC
Criminalização de quem transmite com consciência o vírus é uma das bandeiras
ALECY ALVES
Da Reportagem

Dezenas de mulheres mato-grossenses que vivem com o vírus HIV/Aids estão reunidas em Cuiabá, no Hotel Fazenda Mato Grosso, para o 1º Encontro Regional do Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas (MNCP). No Estado, 39% dos portadores do vírus são mulheres.

O evento teve início ontem e se estenderá até amanhã discutindo, entre outras questões, as políticas públicas de saúde, efeitos colaterais do coquetel anti-aids (combinação de medicamento de uso contínuo) e a criminalização da transmissão do HIV.

Em nível nacional existe um movimento e um projeto de lei em tramitação específico para punir criminalmente aqueles que transmitirem Aids de forma intencional. Mesmo sem lei própria, no Brasil há casos de pessoas sendo responsabilizadas judicialmente pela contaminação de outros.

Em São Paulo, recentemente um servidor público foi condenado, com base no artigo 121 do Código Penal, a 8 anos de prisão por tentativa de homicídio, porque sabia que tinha Aids e não avisou a namorada, para quem acabou transmitindo a doença.

A jornalista Kátia Damacena, coordenadora do encontro e do Movimento Regional, disse que buscar a condenação é uma tendência mundial. Além do enquadramento pela lei de homicídio, observou ela, a transmissão supostamente intencional tem gerado outras formas de condenação baseadas em outros artigos, 130 e 131, do mesmo Código.

O artigo 130 prevê até quatro anos de prisão a quem expõe alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato libidinoso, ao contágio de doenças sexuais. Já o 131 aplica pena semelhante àqueles que transmitem intencionalmente qualquer tipo de moléstia. Essas leis são antigas, de 1940, muito antes da descoberta da Aids.

Aqui, assim como nos demais estados, os debates são norteados pelas 15 estratégias de atuação da Carta de Princípios do MNCP nacional, aprovada em 2007, durante grande evento em Salvador (BA). Entre os itens que se transformaram em luta permanente estão reforçar a auto-estima, capacitar, trocar experiências, criar novos grupos de MNCP, buscar melhorias dos serviços e denunciar todo tipo de desrespeitos aos portadores do vírus HIV.

Kátia, que vive com HIV há pouco mais de 12 anos, contou que foi contaminada pelo marido seis meses depois que estavam casados. Ela sabia que ele era soropositivo e acabou contraindo o vírus supostamente por um acidente com o preservativo. Durante muito tempo, revelou, viveu na clandestinidade, sem contar para ninguém que é soropositivo.

Ao entrar para a faculdade, disse Kátia, na medida em que adquiria mais conhecimento, se informava sobre a doença e conhecia seus direitos, maior era a vontade de revelar sua condição e ingressar na luta por seus direitos e das outras portadoras.

“Entendi que sou igual a todas as pessoas, apesar do HIV”, completou. Hoje, reforçou, se descobre que alguém não convive com ela por causa da sorologia, pensa: “é você quem vai perder”.

DADOS – De acordo com dados das secretarias Estadual e Municipal de Saúde, entre 1985 e 2009, 5.724 pessoas contraíram HIV/Aids em Mato Grosso. Deste total, 2.238 são mulheres, 39% dos contaminados. No Serviço de Assistência Especializada (SAE) de Cuiabá, próprio de atendimento a soropositivos, dos 1.200 cadastrados, pelo menos 700 são mulheres.



LUTA DE MÃE; MINHA FILHA NASCEU COM 450 GRAMAS

Luta de mãe: Minha filha nasceu com
450 gramas

Conheça a história de Ana Paula, que foi surpreendida pelo nascimento da filha com apenas seis meses de gestação

Carina Martins, iG São Paulo | 16/04/2010 16:38

Quando ficou noiva, aos 37 anos, Ana Paula Badollato não pôde deixar de se perguntar se teria dificuldades para engravidar. Perguntou também para seu médico. “Estava preocupada e não estava”, diz ela, que já era mãe de um menino de 11 anos na época. O doutor, por sua vez, não estava. Ana Paula foi tranquilizada e até começou a planejar suas viagens a trabalho de modo que estivesse em casa durante os períodos férteis. Nem precisou usar o roteiro: no dia do casamento, o vestido estava estranhamente apertado. Dez dias depois, fez o teste e estava grávida. “Não esperava que fosse ser tão rápido”, conta sorridente.

O médico tinha razão a respeito da fertilidade de Ana Paula. Mas a lição que ela aprendeu dele veio das afirmações que o profissional fez e não se confirmaram. E, especialmente, das consequências que elas causaram. “O complicado foi que eu confiei plenamente, porque até então eu achava – tenho uma opinião diferente hoje – que médico era para confiar 100%. Na primeira gestação tive pré-eclâmpsia, e meu filho nasceu com 8 meses e restrição de crescimento. E ele falava para mim que na segunda gravidez nunca acontece isso. Era categórico”, diz.

Foto: David Santos Jr / Foto Arena

Ana Paula Badollato, 40, resolveu contar a história de sua filha para alertar outras mulheres sobre a importância do pré-natal

A mesma tranquilidade que o médico passou para Ana a respeito de suas chances de engravidar foi repetida quando ela falou sobre suas preocupações em relação à gravidez que já estava em andamento. Com o aval do obstetra, ela viveu uma gestação sem restrições ou cuidados especiais. Viajava de avião com frequência, ingeria sal, nunca fez exames para diabete gestacional e só media a pressão nas consultas de pré-natal, que ele agendava com intervalos de até dois meses. Hoje, ela acredita que a conduta dele e sua confiança cega no profissional foram os maiores responsáveis pela precoce e complicada saga de Maggie, sua filha que nasceu com apenas 26 semanas de gestação e 450 gramas de peso. Para evitar que outras mulheres passem desnecessariamente pelo que passou, resolveu contar sua história.

Resolvendo o nascimento

O pré-natal estava em dia, e a consulta seguinte só aconteceria após um intervalo de dois meses. “Estava em São Paulo trabalhando e fiquei superinchada. Mas tudo eu achava que era normal, porque o médico tinha falado que eu estava bem. Mesmo assim, minha mãe insistiu para que eu fosse ao hospital para pelo menos checar a pressão. Estava altíssima”. Além disso, ela diz que o ultrassom agora indicava “fluxo centralizado”, ou seja, incapazes de nutrir o feto de forma ideal, os vasos se concentravam em pontos vitais como cérebro e pulmão. Com isso, a bebê que um mês antes estava normal, apresentava agora uma severa restrição de crescimento, com menos de metade do tamanho esperado para a idade. O hospital acabou se tornando sua casa pelos seis meses e meio seguintes.

As palavras que ouviu de seu obstetra desta vez não tinham nada de tranquilizadoras. O que ele disse definiu a gravidade do caso: “Precisamos resolver essa gestação”. Resolver foi o verbo encontrado para dizer que fariam um parto sem expectativa de filho.

Depois de três dias de aplicações de corticóide para acelerar o desenvolvimento dos pulmões do bebê, a gestação foi “resolvida”. Enquanto obstetra e assistente discutiam os gols da rodada, Maggie nasceu. “Ela nem chorou, quer dizer, ela deu um ‘miadinho’. Maggie respirou quando nasceu, o que foi incrível”, conta. Em três minutos, foi entubada, o que evitou danos ao cérebro por falta de oxigênio e deu início à parte feliz do relacionamento de Ana Paula com (outros) médicos. Mas o risco estava longe de ter passado. “Meu médico mesmo me deu pouquíssimas esperanças. E ainda disse que era melhor eu não ter mais filhos”, diz. “Meu marido nunca duvidou de que ela viveria, mas eu sim.” Ana Paula só iria poder segurar sua filha no colo pela primeira vez mais de três meses depois. “Só me deixaram ver minha filha no dia seguinte. Eu suei frio, minha pressão baixou. Ela era do tamanho da mão do pai dela.”

A partir daí, o obstetra ficou para trás. “Ele que fez o parto. Não o tinha considerado negligente até então, porque é tudo muito rápido. Só consegui pensar e perceber depois”, explica ela. “Afinal, uma semana antes estava tudo normal, eu tinha ido viajar com meu marido e meu filho. Não estava esperando. É tudo tão repentino. Os pais de prematuros não estão preparados ainda, porque ainda não completaram o ciclo da gravidez.”

Os médicos, na primeira semana, não davam esperança nenhuma. Casos como o de Maggie são difíceis, eles davam entre 70% e 80% de chance de ela morrer. Ficou dois meses e meio entubada.

“Hoje vendo as histórias parecidas, vejo que é um milagre”, acredita Ana Paula. O nascimento “resolvido” foi só a primeira das batalhas de Maggie.

Infecção generalizada

Antes de completar 1 kg, a menina passou por uma cirurgia cardíaca. A primeira de quatro operações a que seria submetida antes de conhecer sua casa. Quando estava prestes a receber alta, após quase quatro meses de internação, os médicos notaram que ela tinha uma hérnia. Exposta às possibilidades de contaminação promovidas pela longa permanência em ambiente hospitalar, a bebê contraiu uma forte bactéria durante a cirurgia, que causou meningite e septicemia, que é a infecção generalizada. As médicas que havia meses lutavam pela paciente deram a notícia com lágrimas nos olhos e todas as letras: desenganada.

“Todos os médicos e as enfermeiras da UTI neonatal foram maravilhosos, eles salvaram a vida dela. No dia em que foi detectada a meningite bacteriana, a médica tinha decidido não deixar o hospital antes de conseguir fechar um diagnóstico”, conta. “Aí o mundo caiu. A gente estava finalmente pronto para levar ela para casa e de repente vem essa notícia”.

Dois dias depois de detectada a meningite, Maggie foi diagnosticada com infecção generalizada. “Essa mesma médica que atendeu quando ela nasceu me deu a notícia. Ela foi sincera comigo, disse que estava desenganada. Ela ia falando, e a outra médica chorando, as enfermeiras chorando, eu olhava e as enfermeiras se escondiam de mim.” Habituada a contrariar a lógica, no entanto, a bebê respondeu ao tratamento e em alguns dias ela já estava fora do risco da infecção. “Nunca esqueço o que disse uma das enfermeiras: ‘Foi tanta mulher rezando que Deus se encheu e resolveu atender’”, brinca Ana Paula.

A parte difícil veio depois

Por causa da meningite, Maggie passou por duas cirurgias para colocação de uma válvula no cérebro. O processo acrescentou mais dois meses ao tempo de internação. E ela finalmente teve alta. “A médica nos procurou e disse: 'Vocês estão levando para casa uma bebê perfeita´”, conta Ana Paula. Mas deixou claro que ela precisaria de um acompanhamento mais próximo do que teria uma criança nascida após uma gestação completa e sem surpresas. “Pensei que enfim ia respirar aliviada, porque ia com ela para casa. Mas a parte difícil veio depois.”

Sabendo que o acompanhamento médico de Maggie teria que ser intenso e que a existência de sequelas futuras era incerta, Ana Paula enfim levou a filha para casa. “Foram 15 dias de folga sem ir a médico, hospital, só curtindo a vida normal. Depois desse tempo, era hora de começar”, diz, referindo-se à maratona de cuidados e exercícios para garantir que a filha se desenvolvesse da melhor forma possível. “Aí é uma segunda etapa, e eu acho que é pior que hospital. Porque no hospital você tem um médico ali te explicando, você confia na equipe. Sozinha, eu tinha que lidar com o medo de que qualquer espirro fosse algo grave e encontrar profissionais em quem confiasse.”

“Os neuropediatras tiravam toda minha esperança, me colocavam no chão. Diziam que não sabiam se ela ia andar, falar”, conta. “Eu pensava que se ela não andasse nem falasse seria amada do mesmo jeito. O que eu não podia era cruzar os braços e não fazer nada esperando ver o que ia acontecer. Quando nada é certo, tudo é possível.” Nos meses seguintes, nas palavras da própria Ana, ela virou uma “maluca”, pesquisando tudo que encontrava sobre estimulação precoce de bebês e levando a filha para sessões diárias de tratamentos na AACD e Uniban. Para dar conta de tudo, teve que parar de trabalhar. Ela e a menina se alimentavam no carro, nos deslocamentos entre fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia, hidroterapia. O processo ficou ainda mais complicado quando ela se mudou para Campos do Jordão, no interior de São Paulo, e dirigia até a capital para continuar a reabilitação, já que todo o tratamento de Maggie, desde o nascimento até a fisioterapia, foi feito em São Paulo. “Foram muitas pessoas maravilhosas, isso não dá pra esquecer.”

Além do contato com os profissionais, Ana Paula diz que aprendeu muito nos meses que passou frequentando os centros de reabilitação. “Você aprende que as pessoas podem ser diferentes. Por que todo mundo tem que ter o mesmo tamanho, o mesmo formato, o corpo perfeito? Conheci crianças maravilhosas na AACD, crianças superinteligentes, que vão à escola, às vezes de cadeira de rodas, andador. Então você se pergunta: o que é que tem de mais ser diferente? Tenho muito respeito por essas mães de casos mais graves, que passam uma vida se dedicando à reabilitação deles. Porque passar por isso e ver que seu filho está tendo progresso é difícil no começo, depois você se empolga. Mas ir um ano, dois, numa luta sem fim?”, reflete.

Ana diz que, já na época, quando Maggie tinha cerca de sete meses, seu desenvolvimento era praticamente normal, tendo como única exceção um pouco menos de tônus na perna esquerda. “Minha preocupação não era tanto motora e sim cognitiva. Eu pensava que, se ela não andasse, não seria o fim do mundo. Mas se tivesse problemas na parte cognitiva, podia ser dependente a vida inteira. E como seria quando eu morresse?”, confessa. Nenhuma das avaliações dos médicos indicava sequelas nessa área, mas havia muito que ainda não podia ser determinado.

“Não queria deixar passar a fase de maior plasticidade do cérebro, então decidi estimular a parte cognitiva. Eu não fazia mais nada da vida: levava pra fisioterapia, chegava em casa, ia pegar livrinho, pegar foto da família, ficava falando nome, mostrando. Quem ajudou muito nessa parte foi o irmão, que faz umas brincadeiras que eu não sabia fazer, sempre foi espontâneo. Ele foi o grande estimulador da parte cognitiva dela, ensinou um monte de coisa errada”, elogia. “Decidi apostar todas as nossas fichas no desenvolvimento dela. E acho que valeu a pena.”

Irmãzinha

A evolução de Maggie foi tão boa que a própria mãe se sentiu segura de interromper as sessões antes mesmo de a filha andar. "Estava muito cansativo para ela, e eu via que ela estava prestes a andar. E andou na semana seguinte ao fim do tratamento", diz. “O relatório final hoje de diagnóstico dela é paralisia cerebral leve, à esquerda, que, olhando, você não percebe. Ela anda, fala, corre, não corresponde à ideia que as pessoas fazem de paralisia cerebral. Na prática, significa que ela tem até hoje a perna esquerda um pouquinho mais dura. E foi essa a sequela que ficou de tudo que ela passou”, conta Ana Paula. “Vai à escola, as professoras nunca perceberam nada diferente. Ela está normal com a classe. Observando crianças da mesma idade, acho que faz as mesmas coisas, não é nem mais nem menos inteligente.”

“Agora que a outra nenê vai nascer, meu marido queria ir lá no obstetra da Maggie e mostrar pra ele o que é um bom pré-natal. Mas não vale a pena”, diz. Ana Paula, agora com 40 anos, vai dar à luz no próximo dia 1º, uma semana antes do Dia das Mães. Maggie vai ganhar uma irmãzinha, Emily. Desta vez, a gestação de Ana Paula transcorreu sem sustos. “Resolvi contar minha história porque é uma oportunidade de alertar as mulheres sobre o pré-natal, procurarem um bom médico, verem se é cuidadoso”, afirma.

Quando ficou grávida de novo, Ana Paula marcou consultas com cinco médicos para escolher um novo obstetra. “Por sorte, gostei já da primeira. Na primeira consulta ela ficou uma hora e meia comigo, quis saber até das gestações da minha avó, pediu um monte de exame, enfim, fez tudo o que o outro não fez. Começou a tratar como gravidez de alto risco desde o começo e, com os cuidados, não tive nenhum problema”. Ana Paula é só elogios para a nova médica: "Além de tudo, ela é muito humana, e isso faz toda diferença".

A mãe acha que a chegada da nova filha será ótima tanto para Maggie quanto para a bebê. “Está com um pouco de ciúme, está acostumada a ser o centro das atenções”, diz. Apesar de pequenininha, Maggie é hoje uma criança que a mãe define como “superssegura, até demais”. “Acho até que ela anda batendo nos meninos da escolinha”, diverte-se. “A criança prematura extrema fica muito resiliente, eles acham que podem tudo, sobreviveram a tudo. Os pais têm até que saber colocar limite.”

No primeiro dia de aula, Maggie foi para a escola carregando uma mochila e uma lancheira “que eram praticamente do tamanho dela”. Segundo Ana Paula, os outros pais esperavam que aquela coisinha fosse abrir o berreiro na hora de se separar da mãe, como acontece com tantas outras crianças. “Mas ela me deixou e entrou sozinha naquele corredor enorme, não olhou nem para trás. Os outros pais começaram a dar risada”, conta. “Ela realmente é muito dona de si. Acho que Campos do Jordão vai ser pequeno para ela”.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

ENCONTRO REGIONAL RECEBE MULHERES SOROPOSITIVAS EM CUIABÁ


Encontro regional recebe mulheres soropositivas em Cuiabá

Evento abordará questões relacionadas à saúde da mulher, como também de temas relacionados sobre viver o HIV

O Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas (MNCP+) núcleo MT realizará o 1º Encontro Regional de MULHERES Vivendo com HIV/AIDS de Mato Grosso, com o tema ‘Cabeça, Coragem e Coração’, em Cuiabá, no Hotel Fazenda Mato Grosso, de 08 a 11 de abril de 2010. Tendo como público-alvo 73 mulheres que vivem com HIV/AIDS, cuja solenidade de abertura com convidados será dia 09 às 8h da manhã.

Durante três dias o evento pretende abordar temas relacionados às especificidades que acometem este público. A fim de tratar das questões relacionadas à saúde do gênero, como também de temas relacionados sobre viver esta sorologia, bem como, a elevação da auto-estima visando a melhor qualidade de vida e a dissolução do preconceito de forma mais ampla na sociedade.

De acordo com a organizadora do encontro, Kátia Damascena e também soropositiva há 12 anos, as atividades como este evento são essenciais para fortalecimento da mulher na compreensão sobre o Sistema Único de Saúde (SUS), e, por conseguinte, das políticas publicas de tratamento de AIDS”.

Em razão do estigma e o autopreconceito que as Pessoas Que Vivem com HIV/AIDS (PVHA) lidam dentro da sociedade por sua condição e somados ao fato em que muitas vezes evitarem se “mostrar”, não só no Serviço de referência (SAE) como entre outros espaços. Portanto as afastando da possibilidade de obter mais conhecimento sobre os meios de alcançar qualidade de vida e adesão ao tratamento. O que resultaria em ações que contribuiria para levantar a auto-estima de cada uma, e conseqüentemente, enfrentar a vivência com HIV ou AIDS com mais tranquilidade.

O encontro além de fortalecer o gênero de forma coletiva pelas atividades em grupo, mas também para o de exercer sua cidadania pela defesa dos direitos humanos, políticas de saúde para mulheres, dentre outras.

O MNCP é uma organização brasileira de MULHERES vivendo com HIV/AIDS criada para promover o fortalecimento das mulheres sorologicamente positivas para o HIV, em qualquer estágio, independente de credo, orientação sexual, raça ou cor, ou orientação político-partidária, em nível municipal, estadual, regional e nacional.

Outras informações:

Kátia Damascena (65) 9258-0433

Kátia.damascena@yhaoo.com.br

sexta-feira, 2 de abril de 2010

SITE SOBRE A FEMINIZAÇÃO DA EPIDEMIA DE HIV/AIDS ENTRA EM FUNCIONAMENTO


Site sobre a feminização da epidemia de HIV/aids entra em funcionamento
Agentes governamentais e da sociedade civil ganham espaço na internet para troca de informações sobre políticas de prevenção e assistência. Iniciativa faz parte do Plano Integrado de Enfrentamento da Feminização da Epidemia de Aids e outras DST, criado para deter o crescimento da incidência entre mulheres
01.4.2010
O crescimento da incidência de HIV/aids entre as mulheres motivou o Governo Federal a criar um espaço voltado exclusivamente para que agentes públicos e não-governamentais possam trocar informações sobre as melhores práticas de prevenção e assistência voltadas ao público feminino.
Encontra-se em funcionamento o site do Plano Integrado de Enfrentamento da Feminização da Epidemia de Aids e outras DST, que pode ser acessado pelo endereço http://sistemas.aids.gov.br/feminizacao/
O plano é uma iniciativa conjunta da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres e do Ministério da Saúde, por meio do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, das áreas técnicas de Saúde da Mulher, de Pessoas com Deficiência, de Saúde do Adolescente e do Jovem, de Saúde no Sistema Penitenciário, além do Programa Nacional de Hepatites Virais e do Departamento de Atenção Básica.
Para atender à necessidade de troca de informações entre os agentes sociais envolvidos na luta contra a feminização do HIV/aids, o novo site oferece informações sobre o perfil da epidemia entre as mulheres, assim como os diferentes planos estaduais, documentos referentes ao plano e materiais de campanhas voltadas ao público-alvo.
Colaborações ao site são bem-vindas e devem ser enviadas para o email feminizacao@aids.gov.br
Feminização – O aumento de casos de aids entre as mulheres se deu em todas as faixas etárias. Em 1986, a razão era de 15 casos de aids em homens para cada caso em mulheres, e a partir de 2002, a razão de sexo estabilizou-se em 15 casos em homens para cada 10 em mulheres. Na faixa etária de 13 a 19 anos, o número de casos de aids é maior entre as jovens do que entre os rapazes. A inversão apresenta-se desde 1998, com oito casos em meninos para cada 10 casos em meninas.
Entre 2000 e junho de 2009, foram registrados no Brasil 3.713 casos de aids em meninas de 13 a 19 anos (60% do total), contra 2.448 meninos. Na faixa etária seguinte (20 a 24 anos), há 13.083 (50%) casos entre elas e 13.252 entre eles. No grupo com 25 anos e mais, há uma clara inversão – 174.070 (60%) do total (280.557) de casos são entre os homens.
A Pesquisa de Conhecimentos, Atitudes e Práticas da População Brasileira, lançada pelo Ministério da Saúde em 2009, também ajuda a explicar a vulnerabilidade das jovens à infecção pelo HIV. De acordo com o estudo, 64,8% das entrevistadas entre 15 e 24 anos eram sexualmente ativas (haviam tido relações sexuais nos 12 meses anteriores à pesquisa). Dessas apenas 33,6% usaram preservativos em todas as relações casuais.
Entre os homens, 69,7% dos entrevistados eram sexualmente ativos. Mas eles usam mais a camisinha: 57,4% afirmaram ter usado em todas as relações com parceiros ou parceiras casuais.
Mais informações
Atendimento à imprensa
Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais
Tel: (61) 9221-2546/3306 7051/ 7033/ 7010/ 7016/
Site: www.aids.gov.br - E-mail: imprensa@aids.gov.br

Atendimento ao cidadão
0800 61 1997 e (61) 3315 2425

quinta-feira, 1 de abril de 2010

SÓ TERMINA QUANDO ACABA

Masanori Ohashy - Texto: José Rezende Jr.

Só termina quando acaba

Esta não é uma história triste, avisa o personagem principal. É uma história recheada de episódios tristes, mas com final feliz. Não, corrige o personagem principal: é uma história feliz, mas sem final, porque ainda não acabou. Esta é uma história TÃO cheia de episódios tristes que poderia até entrar na novela. E não é que entrou? Quer dizer, entrou DEPOIS da novela (Viver a Vida), no final do capítulo, em forma de depoimento do personagem principal desta história. E ajudou a levantar o astral de muito telespectador. Sim, porque esta é uma história de superação. E também porque o nosso personagem não abre mão do bom humor. Conta piada de câncer até na sala de espera da quimioterapia! E a plateia – toda ela com câncer – morre de rir! Quer dizer, todo mundo ri, mas ninguém morre, até porque rir é o melhor remédio.

Mas vamos à história: Estamos em 1985 e Beto Volpe – o nosso personagem – acaba de saber que um colega de banco está com aids. A notícia assusta, mas Beto continua curtindo a vida adoidado: noitadas e mais noitadas em parque público, drogas e mais drogas, parceiros e mais parceiros, e nada de camisinha. Até que quatro anos depois resolve fazer o teste de HIV. Surpresa: não reagente! O cara que transava com um monte de parceiros não tinha aids! Em agradecimento à Divina Providência decidiu que, a partir dali, camisinha sempre! Até que apareceu o grande amor. E como prova de amor do grande amor, os apaixonados largaram a camisinha de lado. A parte triste da história começa quando o amor acaba. Ou, mais exatamente, quando nosso herói passa a ter o mesmo sonho todas as noites: ele numa assembleia de bancários, o corpo só pele e ossos, as faces encovadas... Beto faz novo exame. Surpresa: reagente! O cara que praticava sexo com amor e um único parceiro – mas sem camisinha – tinha aids. E em 1989 a aids não queria dizer “você vai morrer”; o que a aids dizia, em alto e bom som, era: “você está morto”.

A morte não compareceu pessoalmente, mas mandou representantes de peso. Em 1996, um CD4 marcando 6, consequência do mergulho nas drogas para suportar as mortes dos amigos. “Senhorita, não está faltando um zero ou dois aqui”? Não estava. E vieram: pneumonia, três episódios de neurotoxo, infecção generalizada por cândida, queda de peso de 68 para 34 kg e o rótulo de “paciente terminal”. Beto odeia tanto este rótulo que seu livro de memórias vai se chamar – com o perdão da má palavra – Terminal é o caralho!

Para Beto Volpe, o jogo só termina quando acaba. E ele sobreviveu, com a ajuda do coquetel. Mas aí as pernas e os braços foram afinando e o rosto ficando encovado. E veio a depressão, a vontade de não mais sair de casa, e os mergulhos numa droga do bem chamada internet, que dava então os primeiros passos. E vieram os bate-papos virtuais com ou¬tros soropositivos, e a vontade de com eles criar uma ONG. E hoje já lá se vão dez anos de militância, que lhe renovou a vontade de viver.

Beto descobriu que sofria de lipodistrofia, efeito colateral dos medicamentos. Por isso o rosto encovado e a aparência de velho. Decidiu ser cobaia de um implante facial e ficou jovem e bonito de novo. Feliz. Mas eis que as pernas começam a doer: cabeças de fêmur necrosadas pelo tanto de gordura no sangue. E vem a fase mais dolorosa: duas cirurgias nos quadris, fratura por osteoporose, instalação de placa, retirada de placa e instalação da prótese de cabeça de fêmur, com breve alívio na rotina de dor, leito, cadeira de rodas, andador, bengala.

Início de 2003: linfoma na medula, pescoço, pulmão, fígado, baço, retroperitônio e virilha. E quimioterapia, e piadas sobre câncer, e 27 kg a menos, e a cura do câncer. Mas os infortúnios em série não haviam terminado: atropelamento por moto que subiu na calçada e fratura de quadril, instalação da segunda prótese, depois um carcinoma maligno no reto, e em seguida outro, e uma cirurgia e depois outra, e sessões diárias de radioterapia, da qual até hoje carrega efeitos colaterais.

Neste meio tempo, o pior de tudo: o suicídio do irmão caçula. As pessoas chegando para o velório do “filho do seu Geraldo” e tomando susto, como se vissem um fantasma, porque o que havia sido dado como morto estava vivo, e o morto era o outro filho do seu Geraldo, aquele que pelas leis da natureza teria ainda muitos e muitos anos de vida, e a mãe segurando as mãos do filho sobrevivente e murmurando “que ironia, que ironia”...

Beto dá valor a cada uma de suas feridas. O bicho que veio para matá-lo virou sua fonte de energia. Aprendeu que o sentido da vida é enfrentar as dificuldades. E que a vida é maior que a aids. Pensa que se morresse há 20 anos ninguém sentiria sua falta, mas que hoje cravou seus passos no planeta, ajudando outros soropositivos, semeando o bem. Tem a saúde frágil, mas é mais forte do que antes. Beto Volpe ama Beto Volpe, e procura expandir esse amor para o próximo. Porque, ensina ele, “amor represado vira câncer”.

E aqui termina a nossa história, e este é um final feliz, ainda que provisório, já que a história não tem fim. Ainda não terminou, porque, como diria Beto Volpe, terminal é o caralho!

FIM (provisório)