sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

No Zimbábue, mulheres jogam contra o preconceito e conquistam a admiração geral

Em uma pequena cidade no Zimbábue, país africano onde uma em cada quatro pessoas está infectada pelo vírus HIV, um time de futebol formado inteiramente por mulheres soropositivas dá exemplo de superação, vence o preconceito e conquista a admiração de todos. É esta a historia mostrada pelo filme "The Positive Ladies Soccer Club" (Clube de Futebol das Mulheres Positivas), da diretora Joanna Stavropoulou, produzido pela Médicos Sem Fronteiras, organização humanitária internacional independente.
O programa "Esporte Espetacular" deste domingo traz reportagem do editor Marcelo Outeiral sobre a revolução mostrada no documentário. Ela foi testemunhada pelo médico brasileiro Esdras da Silva Jr., que trocou o conforto do consultório em Recife pelo trabalho como infectologista da Médicos Sem Fronteiras, que atua em mais de 60 países, ajudando populações em risco.
Joanna Stavropoulou, americana de origem grega, foi atleta de pentatlo moderno e chegou a integrar a equipe da Grécia em competições internacionais. Em entrevista por email, ela comenta como o esporte afetou sua visão de documentarista:
- Para mim, esporte é superação das próprias barreiras. Quando eu era atleta e forçava meus limites de resistência, sentia como se tivesse chegado ao fim, mas então tinha que levantar, abrir uma nova porta e atravessar. Foi isso que vi nas mulheres do time e que desejei mostrar no filme. Elas não só tinham suas limitações – físicas e psicológicas -, como também enfrentavam adversidades impostas pela sociedade. Mas elas lutaram, forçaram a abertura de portas e cruzaram para o outro lado.Talvez por eu ter passado por experiências como atleta tenha podido ver, entender, sentir mais claramente a história daquelas mulheres - conta a diretora.
Ela não era cineasta, mas, a partir do interesse na história, desenvolveu o projeto e levantou uma verba, modesta, junto à Médicos Sem Fronteiras. O filme foi bem recebido em festivais, mas, para Joanna, a maior medida de seu sucesso foi a transformação da vida daquelas mulheres.
- Mesmo quando ainda estávamos filmando, já tinha começado a fazer uma diferença. Imagine Epworth, uma cidade sem eletricidade e sem água encanada, com alta incidência de HIV. Acrescente o estigma contra os portadores do vírus, o preconceito contra a mulher, ainda maior contra a mulher esportista. Aí aparece uma equipe de filmagem seguindo as moças direto, indo às casa delas, prestando atenção ao que elas falam, indo com elas ao mercado, à igreja... De repente aquelas mulheres viram estrelas, e a comunidade começa a vê-las de uma outra maneira. No filme, uma delas diz que estava sendo tratada "como se tivesse feito algo glorioso" - lembra Joanna.
O desafio de "The Positive Ladies..." agora é outro: a partir da exibição em outras cidades do Zimbábue, irradiou-se a mensagem contra o preconceito e vários times e ligas semelhantes foram organizados. Enquanto o filme busca conquistar plateias em outros países onde o HIV é um flagelo, as mulheres de Epworth têm um novo desafio pela frente:
- Elas precisam treinar mais e jogar melhor do que nunca. O filme foi exibido em todo o Zimbábue e bem noticiado pela mídia local, então outras equipes estão sendo formadas e várias fazendo contato para marcar um desafio. Elas têm uma reputação a zelar agora! Soube que elas ganharam um torneio no mês passado. E sei que elas incorporaram novas jogadores, porque outras mulheres da comunidade e da clínica para portadores do HIV quiseram fazer parte do grupo - conta a diretora.
Confira a reportagem completa no programa "Esporte Espetacular" deste domingo.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

SABERE VIVER 10 ANOS


Saber Viver

10 anos de luta,protagonismo e muita saúde

SÃO 10 ANOS. 45 EDIÇÕES. 90 MIL EXEMPLARESDISTRIBUÍDOS EM MAIS DE 680 UNIDADES DE SAÚDEE ONGS EM 283 CIDADES NAS CINCO REGIÕES DO PAÍS.


Em 1999, apenas alguns serviços de saúde do Rio de Janeiro recebiam os 6 mil exemplares da revista. Hoje, dos grandes centros urbanos aos municípios mais afastados, todos os Estados brasileiros têm acesso aos 90 mil exemplares impressos a cada edição. Nestes 10 anos, a Saber Viver rompeu fronteiras e chegou também a outros países, como Cuba, Inglaterra, Portugal e países africanos de língua portuguesa.“A Saber Viver veio preencher lacunas, interferindo positivamente na vida das pessoas com HIV/aids. Foi um impulso para fortalecer a luta contra aids, agora multiplicado por dez”, comemora o psicanalista George Gouvea, vicepresidente do Grupo Pela Vidda do Rio de Janeiro.“A Saber Viver tem um significado muito importante na história da epidemia de aids no Brasil. Chegou devagarzinho, ocupando grupos de ajuda mútua, serviços de saúde e hoje é um espaço único de protagonismo para as pessoas que vivem com HIV. Seus 10 anos são motivo de orgulho para todos nós”, reconhece o diretor do Departamento Nacional de DST/Aids e Hepatites Virais, Eduardo Barbosa, que começou no movimento antes de chegar ao Ministério da Saúde.


Ponte entre ONG e usuário

Dirigentes de ONGs reconhecem que muitos soropositivos chegam pelas reportagens ou pela Área Útil da Saber Viver. Essa ponte traz benefícios para os dois lados: fortalece o papel das ONGs no combate à epidemia e oferece um caminho aos leitores que buscam nessas organizações serviços ou a porta de entrada para o movimento social.É por isso que os 10 anos da Saber Viver são celebrados por todos. Nas próximas páginas você lerá depoimentos de soropositivos, dirigentes de ONGs e profissionais de saúde que nesta última década nos ajudaram a fazer parte da história da aids no Brasil e no mundo.


AVANÇOS NO TRATAMENTO DA AIDS


Muitos avanços foram observados no tratamento das pessoas vivendo com HIV/aids nos últimos 10 anos. O surgimento de novos medicamentos – mais potentes, com menos comprimidos e efeitos colaterais; o teste de genotipagem – que identifica a resistência do HIV aos medicamentos; e o tratamento contra a lipodistrofia – que possibilita recuperar a autoestima perdida foram algumas dessas conquistas.O infectologista Mauro Schechter, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), destaca o surgimento da classe dos inibidores de integrase: “As drogas dessa classe impedem que o DNA do HIV se integre ao material genético do paciente, o que impede que novas células sejam infectadas e interrompe o ciclo de vida do vírus”.Outra conquista importante dessa década, segundo Schechter, é a redução do índice de transmissão do HIV durante a gravidez e o parto, atualmente inferior a 1%.


Próximos desafios

Apesar dos avanços, os desafios para o futuro são muitos. O diagnóstico precoce é um deles. “Muitas pessoas têm medo de realizar o exame, mas conhecer a infecção é o primeiro passo para enfrentá-la”, aponta Schechter.A atenção integral ao paciente é outro ponto de destaque. “A tendência da epidemia está mudando. Atualmente, a maioria das mortes de pessoas com HIV é provocada por doenças cardiovasculares. É preciso estar atento a fatores como níveis de lipídios e colesterol, por exemplo, para prevenir essas doenças”, afirma o médico.Para o diretor do Departamento de DST/Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Eduardo Barbosa, a adesão continua sendo um grande desafio. “Disponibilizar o medicamento não basta. Os serviços de saúde devem ser capazes de entender e atender o usuário como um sujeito diverso, a partir de sua individualidade e respeitando as dificuldades específicas de cada um”, considera.





domingo, 3 de janeiro de 2010

Meninas de 13 a 19 anos são foco da campanha de prevenção à aids

O motivo é o crescimento de casos entre as garotas dessa faixa etária nos últimos anos
03/01/2010 11:57 Agência Brasil
Durante o Carnaval de 2010, o Ministério da Saúde vai priorizar a campanha de prevenção aids no grupo de meninas de 13 a 19 anos. O motivo é o crescimento de casos entre as garotas dessa faixa etária nos últimos anos.
Segundo o último Boletim Epidemiológico da Aids e de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), divulgado em novembro, foram registrados mais casos entre as garotas dessa idade em relação aos meninos desde 1998. Atualmente, a cada 8 meninos infectados existem 10 casos de meninas. Antes, a proporção eram 10 mulheres para cada grupo de 15 homens.
Segundo o diretor-adjunto do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, Eduardo Barbosa, a maioria dos jovens busca o preservativo na primeira relação sexual. Mas quando o relacionamento fica estável, o uso da camisinha é deixado de lado. Na medida que vão tendo confiança no companheiro abandonam o preservativo, disse Barbosa, em entrevista Agência Brasil.
Com veiculação nas emissoras de televisão e rádio, a campanha vai orientar os jovens sobre as formas de contágio da doença e os cuidados para a prevenção, além da distribuição de camisinhas nos sambódromos e blocos de rua. O Ministério da Saúde já encomendou 1,2 bilhão de preservativos para ações da pasta no decorrer dos próximos dois anos, conforme Barbosa.
Uma das políticas do ministério para o público de 13 a 24 anos de idade é o programa Saúde e Prevenção nas Escolas, em que o estudante recebe orientações sobre o contágio, sintomas, prevenção, tratamento e como viver com o vírus HIV. Conforme Barbosa, 50.214 escolas públicas e particulares já integram o programa. Em 10 mil, o aluno pega o preservativo no próprio colégio. A decisão de distribuir ou não é tomada pela comunidade escolar.
Segundo a representante da Rede Nacional de Adolescentes e Jovens Vivendo com HIV/Aids, em São Paulo, Micaela Cyrino, poucas escolas da capital paulista entraram no programa. Ela atribui a baixa adesão s diferenças sociais na metrópole e o preconceito da sociedade em falar de sexo com adolescentes. As pessoas encaram como incentivo ao sexo e não como prevenção, afirmou. A estimativa é que existam 630 mil pessoas infectadas com o vírus HIV no Brasil.