O HIV/AIDS é uma síndrome que coloca em risco todas as pessoas na atualidade, em especial, as mulheres e pessoas da terceira idade. Com esse enfoque, o Sis.Saúde realizou uma entrevista com a sra. Maria Beatriz Dreyer Pacheco, que se autodenomina de Bia Pacheco, "Cidadã PositHIVa". Bia Pacheco recebeu a "Medalha Cidade de Porto Alegre" de 2009 e apresenta trabalhos de destaques em relação ao HIV/AIDS no âmbito nacional e internacional.
Confira a entrevista com Bia Pacheco, "Cidadã PositHIVa", que merece nossa homenagem pelo trabalho significativo realizado em prol da sociedade.Em primeiro lugar, nós do Sis.Saúde gostaríamos de parabenizá-la pela "Medalha Cidade de Porto Alegre", pelo seu trabalho na ONG RNP+ /POA, entre outras. Assim, gostaríamos que a sra. comentasse sobre o seu trabalho desenvolvido nessa ONG que mereceu essa premiação.
Agradeço muito a gentileza de vocês em relação à homenagem que recebi da Prefeitura e, ainda por me permitirem conversar sobre o que faço.
Na realidade, a premiação não foi decorrência do meu trabalho na ONG, pois estamos sem Sede desde 2004, quando meu marido adoeceu (ele faleceu de câncer, pois não tinha HIV) e eu não tive mais condições financeiras para manter as despesas da casa-sede. Acredito que a premiação tenha sido pela minha militância pela causa, de uma forma mais independente e pioneira. Fui a primeira mulher vivendo com HIV no Rio Grande do Sul que deu entrevistas na mídia, alertando que o vírus da Aids estava atacando as mulheres. Como advogada que sou e juntamente com meu falecido marido – Carlos Aleixo – que era auditor fiscal na DRT/RS, iniciamos um trabalho, também pioneiro, de mediações e retorno ao emprego para trabalhadores que vivem com HIV e perdem seus empregos, apenas por serem pessoas infectadas. Como se conviver conosco, socialmente, fosse risco. Fui ampliando minha atuação, dentro de empresas, escolas e universidades, sempre alertando que o vírus não discrimina e apontando soluções para que as pessoas não se infectassem e, caso já infectadas, que não assumissem a marginalidade que a sociedade quer nos impor.
Na sequência, passei a prestar consultoria ao Ministério da Saúde, mais especificamente o Programa Nacional de DST/HIV/Aids nas áreas de Aids no Local de Trabalho e de Mulheres Vivendo com HIV.
Em 2006, a convite do Ministério da Saúde, protagonizei a primeira campanha em TV e na Mídia em geral, com pessoas vivendo com HIV, ao invés de atores, fato que me tornou realmente uma referência como pessoa infectada pelo vírus, com absoluta visibilidade.
Com o meu envelhecimento, comecei a alertar ao Ministério da Saúde de que nós, as pessoas idosas estávamos aumentando muito em número de novas infecções, e passei a atuar como referência nacional, também, na discussão sobre sexualidade e prevenção á Aids na terceira idade e para o adulto maduro.
Estas ações diferenciadas é que me fizeram receber esta medalha, que tanto me honra. Ademais, esta homenagem tem um sentido muito maior para mim, pois ela é a prova viva do que sempre afirmei, que nós que vivemos com HIV ou Aids não temos de nos esconder, pois este vírus não pode matar nossas histórias de vida e a dignidade e honradez de uma pessoa está em seu atos e em sua conduta e nunca devem ser avaliados por um mero vírus que se alojou em nossa corrente sanguínea. Somos todos sexuados e, por consequência, vulneráveis a este maldito vírus, mas as nossas ações são muito maiores que qualquer julgamento preconceituoso e cruel que possa querer nos marginalizar. E é esta a minha luta que acredito esteja sendo vitoriosa!
Fonte: http://www.sissaude.com.br/sissaude/inicial.php?case=1&idnot=0